23 de nov. de 2010

Paul McCartney - 21/11/2010 - Estádio do Morumbi - SP

O que dizer a respeito do show mais esperado da minha vida?
Na última vez em que Paul McCartney esteve no Brasil (93), eu tinha 14 ou 15 anos...o que provavelmente fez dessa a minha única oportunidade de assistir a mais um show que mudaria minha vida.
Quem me conhece sabe que eu gosto de rock. Do básico ao metal, rock faz parte da minha vida. E saber que eu iria ao show do Paul McCartney mudou minha semana...
Já na segunda-feira eu estava ansioso, pensando em que músicas eu iria ouvir (e nas que eu provavelmente nao ouviria). Pensei em como eu gostaria de assistir esse show na companhia do meu pai, que me ensinou a ouvir Beatles. Nostalgia era pouco, pois essas músicas fizeram, e ainda fazem, parte da minha vida.
Eis que lá estávamos, disfarçando a ansiedade, conversando sobre o tudo e sobre o nada. Quaisquer motivos faziam o povo olhar atentamente para o palco, como se uma aparição divina fosse surgir no palco. O telão passou a exibir, cerca de 20 minutos antes do início efetivo do show, fotogramas que contavam a história de Paul McCartney, que nada mais eram do que a história da música pop do último século.
Eis que as luzes do palco se apagaram, aquele senhor de 68 anos surge correndo com uma vitalidade que muitos caras de 20 anos não possui, sauda o público e lança os primeiros acordes de Venus and Mars. Foi dado início a magia.
Eu me propus a marcar o tempo de show, já que noticiaram que o show duraria cerca de 3 horas. Venus and Mars foi emendada com Rock Show, clássicos de McCartney com o Wings, acompanhadas de perto por outro clássico da banda, Jet.
Mas, quando Macca conversou EM PORTUGUÊS com os "PAOLISTAS" e, com seu tradicional Hoefner em punho começou a estrofe "Close your eyes and I'll kiss you...", o Morumbi veio abaixo.
Fica evidente que Macca sabe o poder de fogo que tem em mãos. Ele sabe que é dono de vários hinos do rock e do pop que mudaram a história e o curso da música. Ele tem, em meros 15 minutos de show, o jogo completamente ganho. Mas ainda iria estabelecer a goleada.
Mesclando clássicos da carreira solo, com músicas de sucesso do Wings e, claro, sucessos dos Beatles, Macca conquistava a platéia não apenas com a música, mas com sua simpatia. Ele brinca, conversa, acena, faz gracejos, dança, acena novamente, faz mímicas e canta. E como canta. Ninguém se dá conta de que aquele senhor possui 68 anos. Ninguém se dá conta de que ele não pára. As músicas são executadas exatamente no mesmo tom em que foram gravadas originalmente, ou seja, perfeitas!
Depois de classicos absolutos, como Drive My Car, Let Me Roll it, The Long And Widing Road (minhas primeiras lagrimas), I've Just Seen a Face, And I Love Her, Blackbird e outras, McCartney aparentemente resolveu incendiar a plateia e vencer, por goleada, um jogo que estava ganho desde o inicio das vendas de ingressos.
Dance Tonight, tirada do seu último disco de inéditas Memory Almost Full, divertiu a plateia com uma curiosa dancinha do excelente Baterista Abe Laboriel Jr. Possivelmente foi o primeiro momento para muitas pessoas notarem alguém diferente de Paul no palco, o que foi um pecado, pois a banda que ele trouxe é extremamente competente. Após Eleanor Rigby, veio a já manjada homenagem a George Harrison, em que ele toca Something inicialmente no Ukulele e depois é acompanhado pela banda no arranjo original da música (mais lágrimas, em quantidade vexatória dessa vez).
Sem poupar a platéia de êxtase, o set list a partir de Band on The Run foi impecável.
Aliás, é muito comum ler por aí críticas a Ob-La-Di Ob-La-Da. Macca deve saber disso. E mais, ele deve saber exatamente o propósito da música. Do lugar em que eu estava na pista, nenhuma música foi tão festejada quanto essa. As pessoas dançavam, pulavam, brincavam, sorriam. Ob-La-Di Ob-La-Da não é infantil como Yellow Submarine. É divertida. É uma canção de amor pop com final feliz. E explicou sua existência ali.
Aos 68 anos, Macca pega pesado como poucos com Back In The USSR, I Got A Feeling e Paperback Writer. A galera roqueira ia ao delírio. Antes do primeiro descanso, quase duas horas depois do início do espetáculo, Macca ainda tem a manha de homenagear John Lennon com a dobradinha A Day In The Life/Give Peace a Chance, seguidas de Let It Be (com fogos de artifício), Live and Let Die e Hey Jude.
Ele pára. A galera sauda. Em dois minutos (Deus, ele tem 68 anos... Nem mesmo eu com 32 descanso com apenas 2 minutos!) ele volta. E manda Day Tripper.
Fica evidente que ele sabe o que está fazendo. Ele tem a manha. Ele sabe que a galera está lá por isso. E passa a emendar pérolas do rock uma atrás da outra. Pepitas que não nos cansaremos nunca de ouvir em nossos MP3 Players, imagine então estas sendo executadas "organicamente" ali, a poucos metros de distância de você...
Alguns minutos depois ele pára novamente. Mas, aparentemente, não é Paul quem se cansa, mas a banda. Ele volta, sozinho, e toca Yesterday, talvez seu maior feito (mas certamente não o melhor nem o único feito) para a música pop. Era o aviso de que o show estava chegando ao fim.
Ele agradece, exibe simpatia pela enésima vez, agradece a banda e a platéia. E pega pesadíssimo com Helter Skelter. Toda a história do rock passa a fazer sentido.
O final, apoteótico, é com Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band e The End. A letra de The End ("And in the end/The love you take/Is equal to the love you made" - E no final/O amor que vc recebe/É igual ao amor que vc oferece) faz todo sentido. Lágrimas. Muitas lágrimas. É impossível conter a emoção. É impossível não pensar no quanto tudo aquilo fez sentido. Naquele momento eu pensei no meu pai (que me ensinou a ouvir Beatles), na minha mãe (que me deixou gostar de Beatles!), nos meus amigos (que ouvem Beatles comigo), na minha esposa (que casou comigo ao som de Beatles)... Enfim, por mais que pareça lugar comum, uma parte de mim se completou.
No dia seguinte, tudo parece um sonho. É difícil descrever o que foi o show para quem não esteve lá.
Para quem viveu nos anos 60, ou para quem viveu o show de Paul McCartney no Morumbi, o sonho não acabou. E nunca irá acabar.


SETLIST
"Venus and Mars / Rock Show"
"Jet"
"All My Loving"
"Letting Go"
"Drive My Car"
"Highway"
"Let Me Roll It / Foxy Lady (Jimi Hendrix cover)"
"The Long and Winding Road"
"Nineteen Hundred and Eighty-Five"
"Let 'Em In"
"My Love"
"I've Just Seen A Face"
"And I Love Her"
"Blackbird"
"Here Today"
"Dance Tonight"
"Mrs Vandebilt"
"Eleanor Rigby"
"Something"
"Sing the Changes"
"Band on the Run"
"Ob-La-Di, Ob-La-Da"
"Back in the U.S.S.R."
"I've Got a Feeling"
"Paperback Writer"
"A Day in the Life/Give Peace a Chance"
"Let It Be"
"Live and Let Die"
"Hey Jude"

bis
"Day Tripper"
"Lady Madonna"
"Get Back"

bis
"Yesterday"
"Helter Skelter"
"Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band/The End"

5 de out. de 2010



Os mineiros do Pato Fu sempre foram uma banda subestimada pela grande maioria.
Favoráveis a experimentação, fizeram ao menos três álbuns de grande sucesso de público (a saber Televisão de Cachorro (1998), Isopor (1999) e Ruído Rosa (2001)).
De um tempo pra cá os caras voltaram para a independência, lançando discos por selo próprio, desenvolvendo o próprio site, produzindo seus álbuns, porém com estrutura de banda grande, adquirida nos tempos de sucesso na década passada.
Pois a independência fez muito bem ao Pato Fu. Seu último álbum, MÚSICA DE BRINQUEDO, é uma pérola.
Primeiro: é um disco de covers. Segundo: é um disco para crianças. Terceiro: TODOS os instrumentos usados na gravação do álbum são de brinquedo. Guitarrinhas, bateriazinhas, contra-baixinhos, tecladinhos...TUDO de criança!
O resultado? INCRÍVEL!
Chega a ser até emocionante a audição. Fernanda Takai (e sua maravilhosa voz docinha!), John Ulhoa, sua filha e sobrinhada fazem os vocais do disco, enquanto os outros instrumentos são "experimentados" durante o álbum.
Visitem o site da banda, lá são disponibilizados vários vídeos de making of do álbum e outros clips feitos em estúdio.
As músicas ficaram tão bacanas que acabamos por enxergar um motivo infantil em músicas outrora adultas, como "TODOS ESTÃO SURDOS (Roberto e Erasmo)", "PRIMAVERA (Cassiano / Sílvio Rochael)" e "ROCK N' ROLL LULLUBY (B.J. THOMAS)".
Lindo, engraçado e comovente! Adjetivos difíceis de serem usados juntos ao resenharmos um álbum.



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23 de ago. de 2010

Jello Biafra (Dead Kennedys)




Dia desses estive conversando com um primo que é bem mais novo que eu.
Moleque inteligente e tals... falou sobre quase tudo o que importa na cultura adolescente: garotas, livros, música, quadrinhos, filmes, drogas, trabalho, pais, etc.
Me chamou a atenção para o fato do garoto dizer que queria conhecer punk rock e que ele estava começando a se interar no assunto, já que gosta de rock n' roll em geral.
O conhecimento dele acerca do punk rock, mesmo com tanta informação fácil de ser colhida na internet, limita-se a bandas californianas da década passada (leia-se Green Day, Offspring e vai nessa linha. Me espantou ele dizer que conhecia o NOFX!).
Nada contra, até gosto dessas bandas, mas o som e a cultura punk é muito mais que isso.
Não é preciso dizer que, se queres conhecer um pouquinho sobre punk rock, tens obrigação de ouvir a semente... Começe com as bandas de garagem dos anos 60, como The Seeds... passe por Stooges e MC5... ouça New York Dolls... entenda as bandas dos anos 70 (Ramones, Pistols, Clash, Buzzcocks, Television), e, ao chegar nos anos 80 dê atenção ao nascimento do punk hardcore, em especial aos Dead Kennedys.
Seria pecado dizer que eles foram a "primeira banda politizada", mas talvez tenham sido a primeira banda politizada de expressão mundial.

A banda durou pouco tempo e fez 5 albuns de estúdio, todos ótimos.
No Brasil, as rádios-rock costumam tocar pelo menos dois hits do primeiro álbum: California Über Alles e Viva Las Vegas. Vá além. Ouça os álbuns, leia as letras, saiba mais sobre o vocalista Jello Biafra, procure seus trabalhos com outras bandas e com o selo Alternative Tentacles, uma das maiores instituições de apoio a música underground americana.
Se possível, ouça a banda do batera D. H. Peligro (chamada Peligro!).
Depois de feitas essas lições de casa, vá ao show que o Jello Biafra fará em São Paulo, nos dias 5 e 6 de Novembro, no Hangar 110.
Claro que o punk rock vai muito além disso, e que o Dead Kennedys não é a banda definitiva do gênero, mas sua importância é essencial para tudo o que foi feito a partir de sua existência. A banda, em formação duvidosa (sem o "pensador" Biafra) está na ativa e, se nao me falham Tico e Teco, estiveram no Brasil há pouco tempo. Mas, como eu disse, com formação duvidosa...
Acho que depois de ouvir essa banda e entender o contexto social/político/musical/cultural da época, tenho certeza de que você irá se tornar fã de punk rock.
Tem links para o primeiro e último disco de estúdio dos Kennedys, o Fresh Fruit For Rotten Vegetables (1980) e o Bedtime For Democracy (1986).
Have fun.


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16 de ago. de 2010

PIXIES - DEATH TO THE PIXIES (1997)



Você pode estar prestes a assistir ao vivo em SP a banda que, talvez, reproduza a melhor definição para o rótulo GUITAR BAND.
Os Pixies são conhecidos por aqui através da balada Here Comes Your Man, insistentemente tocada nas rádios, mas seu legado é muito mais importante para a música do que essa balada radiofônica.
Eles são de Boston, Massachussetts. Bacana, como quase tudo que vem de Boston (vide Mission Of Burma, Dinosaur Jr, Galaxie 500, Luna, Sebadoh, Morphine, Buffalo Tom, etc), a banda ganhou destaque logo ao ser formada, em 85. Charles Thompson (vocal e guitarras)e Joey Santiago (guitarras) eram colegas de quarto numa república enquanto estavam na faculdade. Thompson, também conhecido como Black Francis, já compunha algumas cançoes de teor bizarro, sobre OVNIs, incestos, violência, psicoses e outros tipos de bizarrices. Seu som era influenciado pelo punk e pela surf music. Ele e Joey resolveram recrutar uma banda através de classificados (antigamente tão comuns para esse propósito), e apareceu "Ms. John Murphy", também conhecida como Kim Deal (baixo e vocais), que trouxe o amigo Dave Lovering (batera) e logo foramram o Pixies.
Com as composições já prontas, fizeram uma demo de muita repercussão na mídia local (conhecida como "Purple Tape"). Logo foram contratados pela gravadora 4AD e lá gravaram sua estréia, o EP Come On Pilligrim, lançado em 87, um petardo guitarrístico de 8 canções. A partir daí, o resto é história.
Pra se ter uma idéia, o primeiro álbum cheio deles foi produzido pelo (na época já esquisito) Steve Albini, aquele que é dono do Shellac e que também é conhecido por ter produzido o In utero, do Nirvana (por sinal, outra cria dos Pixies). Ainda no link Pixies-Nirvana, é possível incluir o Foo Fighters! Gil Norton, O cara que produziu The Colour And The Shape do FF também foi responsável pela produção dos Pixies nos álbuns Doolitle (89), Bossanova (90) e o derradeiro Trompe le Monde (91).
A estrutura tão copiada de musicas calmas, com refrões gritados e barulhentos, que voltam para a estrofe calma são frutos das composições dessa incrível banda.
No Brasil, lembro-me de ter visto vinis do álbum Trompe Le Monde, mas acredito que o primeiro lançamento em CD foi via Natasha Records, que soltou por aqui a coletânea Death To The Pixies, com um adesivão na capa dizendo que eram "A BANDA QUE INFLUENCIOU O NIRVANA". Depois, com a explosão do indie rock no final dos anos 90 e início dos 2000, todos os álbuns foram re-lançados por aqui e são fácilmente encontráveis em qualquer web-loja famosa.
Eles vieram ao Brasil em 2004, mas tocaram apenas para os felizardos do finado Curitiba Pop Festival. Agoram virão para SP, tocar em Itú (Itú????) no festival SWU (www.swu.com.br), junto com outros nomes não menos relevantes.
Mas não percam a oportunidade de ver ao vivo essa instituição do rock alternativo.
Vou colocar aqui um link para que vocês baixem essa coletânea da banda, ideal para aqueles que não conhecem o trabalho, mas é interessante ouvir tudo o que esses caras já fizeram, seja com os Pixies ou com seus trabalhos solos e bandas (Frank Black/The Breeders/The Catholics).
São músicos incríveis, musicas incrívis, ignoradas pela mídia mas amados por quem conhece. Eu acho impossível alguém que goste de rock não gostar de músicas como Bone Machine, Something Against You, Tame, Letter From Memphis, Broken Face, where Is My Mind?...
Enfim, ouça tudo o que você puder de Pixies.

Palavra do Senhor.

DOWNLOAD CD1

DOWNLOAD CD2

12 de ago. de 2010

Ramones e amigos

Gosto de Ramones pra caralho.
Lembro-me da primeira vez em que ouvi Ramones. Devia ter cerca de 8 ou 10 anos de idade, e um garoto da rua me emprestou o disco, e era o Rocket To Russia (na verdade ele não era da minha rua, mas namorava uma garota da minha rua e, pra me desbaratinar de perto deles, me trazia centenas de discos para ouvir, pois percebia que já naquela época eu era muito ligado em música).
Naquela época o Ramones tinha feito sua primeira turnê pelo Brasil, passando por São Paulo. Os jornais (leia-se "Notícias Populares") noticiavam a "violência dos punks" nos shows e nas ruas. E ouvindo o álbum não conseguia entender como um show dos Ramones poderia ser violento.
É claro que me tornei fã da banda, mas o acesso aos discos era muito difícil em 1988! Lembro-me do lançamento do filme Pet Sematary, com a música homônima dos Ramones como trilha. Lembro das notícias da segunda turnê dos Ramones em SP, quando um cara foi esfaqueado no Dama Xoc.
Enfim, comecei a trabalhar aos 15 anos, em 1994 (antes disso, ganhava uns trocos entregando coxinha em boteco, e torrava tudo em discos!). Meus primeiros salários foram integralmente dedicados a compra de discos que eu considerava essenciais à minha discografia, mas os discos dos Ramones eram muito caros na época, pois tinham lançado à época dois álbuns de muito sucesso no Brasil (a saber: Mondo Bizarro e Acid Eaters). Deles, na época, fiz questão de ter o Rocket To Russia e o Road To Ruin.
E foi nessa época que conheci um cara no colégio que curtia muito Ramones. E o cara tinha tudo de Ramones. TUDO. Esse cara tinha até o Subterranean Jungle (explicação: em 1994...1995 nao tinha internet, email, mp3...porra nenhuma! As informações musicais que tínhamos tinham que ser colhidas na galeria do rock, em revistas especializadas da época ou com "enclopedia-mens" que existiam pela cidade! Ter discos importados era privilégio para poucos! Por isso, crianças, que o rock é tão efêmero hoje! Porque o acesso à ele é fácil hoje em dia...mas isso é assunto pra outro post).
É claro que me tornei camarada desse cara. Gravava tudo o que ele tinha de Ramones.
Descobri com os discos dos Ramones que até mesmos os mestres cometem erros, já que eles gravaram álbuns bem ruizinhos (o tão cobiçado Subterranean Jungle!). Descobri (com muita pesquisa, claro) quem era o Phil Spector, que produziu tanto os Beatles como o End Of Century dos Ramones... Descobri meu álbum favorito dos Ramones: Pleseant Dreams, de 81.
Em 1994 fomos num show dos Ramones no finado Olympia, na Lapa, com abertura do Inocentes. É claro que eu, moleque de 15 anos, temi levar facadas, garrafadas, apanhar de punks e skins, mas nada disso aconteceu! Foi um show lindo, do início ao fim, uma aula de energia para qualquer banda que se preze. Os Ramones eram únicos e, no palco, acho que nunca vi uma banda com uma postura tão fria conseguir dominar uma platéia como os Ramones.
Foi um dia especial, que guardo com muito carinho na lembrança.
O tempo passou, esse camarada e eu envelhecemos, e hoje em dia nos cruzamos de vez em nunca pra tomar uns querosenes por aí. Ainda gostamos de Ramones, rock n' roll e cerveja...ainda somos amigos!
Waltinho, foi um prazer ir naquele show com você em 94. Obrigado pelos discos emprestados!

11 de ago. de 2010

BAD RELIGION - SUFFER (1986)



Pra não dizerem que eu não dei uma força...
O Bad Religion, instituição californiana do bom hardcore melódico, foi um dos pioneiros do chamado emocore.
Conforme dito anteriormente, EMO é rótulo, não estilo de vida.
Esse álbum é de 1986. Ouçam e prestem atenção como, há muito tempo atrás, o Bad Religion já fazia o que muita bandeca brasileira foi fazer quase 20 anos depois.
Um dos melhores álbuns de HC melódico da história, aula de boa música, boas letras e atitude.
Quer sofrer, EMO? Se liga na tradução de What Can You Do? (fonte:
http://letras.terra.com.br/bad-religion/2925/traducao.html)

"Yeah, você desperdiça seu tempo com perdedores se se prende numa banda de rock-and-roll
Você acha mais recompensador competir com débeis mentais através da terra?
Eles parecem estar no poder então eu chuto de volta e vou muito pra trás
E eu observo eles enquanto eles fodem cada coisa boa nessa terra com suas mentes
Você vê que o mundo está se despedaçando aos rompimentos
E surpreendentemente os líderes não conseguem tomar conhecimento disso
Você não significa nada pro mundo
Nós somos todos os tolos de outra pessoa
Mas, oh, o que você pode fazer?"


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EMO

EMO.
Como tudo nesse país, o Brasil "importou" o termo EMO para definir um estilo de vida.
Fez errado.
Nos anos 80, o termo EMOCORE surgiu nos EUA para segmentar um estilo musical em voga na época: bandas de hardcore que, ao invés do usual protesto, em suas letras tratavam de emoções. Sim, emoções, como a que você, eu e os adolescentes de cabelo escorrido com chapinha sentem.
E, por emoções, não entenda apenas "dor de corno". Emoção significa sentimentos, como ódio, medo, amor, desilusão, revolta, desabafo.
Bandas respeitadas como Fugazi (remanescentes do raivoso Minor Threat formaram essa banda nos anos 80), Bad Religion, Sunny Day Real State, Tool, e muitas outras fizeram muito sucesso na cena HC americana (principalmente cena californiana) e ajudaram a dar um suspiro maior no hardcore, culminando na influência em bandas de muito sucesso (mas de teor duvidoso) como Green Day e Offspring (em tempo: bandas estas que tiveram bons álbuns até meado dos anos 90).
Eis que, com o usual atraso, começam surgir no Brasil bandas intimamente influenciados por esse hardcore, com letras cantadas em português.
O CPM22 apareceu e causou frisson no início. Sem ser boa, a banda despontou no pobre cenário nacional, desbancando o praticamente finado Raimundos do topo das paradas rockers tupininquins.
As meninas se identificavam com as letras melosas, os meninos se identificavam com o visual urbano e os usuais palavrões distribuidos nos shows (VOCES SÃO DO CARALHOOOOO!!), a moda pegou e deu no que deu.
Como por aqui nada se cria, tudo se copia, surgiram os clones do CPM22. Fresno, Hateen, NX Zero... A preocupação com o visual era grande, afinal, é sempre importante criar uma identidade visual. Os garotos copiavam.
Um dia alguém falou que era EMO.
Não existe "ser EMO". Como alguém pode ser um rótulo musical?
Como tudo no Brasil consegue ser piorado, os EMOS foram amplamente difundidos Brasil à "dentro", garotos de cabelos esquisitos empunhavam suas guitarras na altura dos joelhos e cantavam o quanto é triste "viver sem ter vocééééééé" (porque raios todos eles não usam o acento circunflexo ao cantar palávras como "você"?).
Em algum momento a difusão foi tão grande que a mistura do visual dos EMOS, de tão caprichada, passou a ter uma boa porção de visual Glam, com maquiagens, esmaltes, batons... E os EMOS viraram gays.
Pra MTV foi ótimo. É importante pregar que a miscigenação sexual deve ser tratado como algo "normal".
Mas na real a coisa foi feia. Garotos apanhavam nas ruas por terem visual EMO. Adolescentes, em plena formação de personalidade e sexualidade, não sabiam autodefinirem-se: afinal, eram EMOS ou gays?
Vieram as cores. Veio agora o Restart, que se auto-intitulam "HAPPY ROCK".
Triste.
Triste porque, para mim, um cara apreciador de músicas e estilos, de pensamentos e movimentos sociais, vi crescer em pouco tempo uma "tribo" mal informada, que não conhece a origem do termo que os definem.
Triste porque as bandas que surgem (e somem, tenha certeza) não são bandas honestas, mas produtos de marketing que são milimetricamente fabricadas em estúdio por hitmakers e pela MTV, que há muito tempo deixou de ser um canal voltado para honestidade da música e passou a ser um meio midiático voltado para o entretenimento - E ENGANAÇÃO - do público jovem.
Fico feliz quando hoje, eu estando velho, barrigudo e cansado, vejo na rua adolescentes vestindo camisetas de bandas "de verdade", mesmo elas não sendo de meu agrado. Um jovem que ouve Dream Theater ou Gamma Ray certamente tem uma visão de mundo menos deteriorada e muito mais bem informada do que um cara que acha "tipo assim, suuuper descolado esse lance do óculos do cara do Restart, tá ligado?".
O rock, sendo emo, happy, hard ou qualquer porra de rótulo que o define, deve ser, acima de tudo, honesto.
Muitas bandas praticam rock honesto no país. Das grandes, poucas. A maioria está no underground, nos bares da Vila Madalena, da Augusta, da Radial Leste, do Aricanduva.
Essas, tão musicais e sem apelo, certamente não sairão do underground e provavelmente terão apenas um pequeno, mas fiel, público alvo.
Uma pena.
Isso me deixa triste.
Acho que vou chorar, "miguxooooo".

25 de jul. de 2010




Primeiro a saber: assistimos a reprise, em 23/07/2010.
Segundo: mesmo quem foi no dia 22/06/2010 não assistiu a porra toda "ao vivo". Foi um show editado, com cerca de 35 minutos para o Anthrax, cerca de 40 minutos para Megadeth e Slayer e mais umas quase 2 horas pro headliner Metallica.
O histórico show aconteceu na Bulgária. Eu achei que os búlgaros seriam violentos...barbados...com canecas de cerveja...sujos...sei lá. Mas o que se via era um público comportado, parecido com platéia do Gugu. As rodas de pogo do estádio tinham 4 pessoas se empurrando...bem diferente de qualquer show que acontece aqui no Brasil (onde talvez exista roda de pogo até num show da Ana Carolina, vai saber...).
Enfim...público é público... Aqui é mais quente, os cérebros são mais lesados por conta do sol... talvez por isso todos digam que o Brasil é o país mais legal de tocar...
O show: Anthrax, com Joey Belladonna de volta aos vocais da banda, foi extremamente eficiente, sem frescuras, direto e muitíssimo divertido. Os novaiorquinos só tocaram clássicos: Caught in a mosh, Antisocial, Indians, I am the law, Got the time...mas o público do cinema não conhecia a banda, exceto por dois ou tres da velha guarda (eu incluso). Joey é engraçado, conversa e brinca com a platéia, tem (ainda) uma voz incrível e um agudo impressionante. Scott Ian é muito bom no que faz. Um excelente compositor de riffs e excelente guitarrista base pra qualquer banda de metal. Charlie Benante é o que sempre foi, baterista técnico, rápido e muito eficiente. Nota 9,5 (porque nao deixaram na edição a música N.F.L.).
Megadeth: então, pra quem gosta foi bom. Eu detesto Megadeth, com exceção de 3 músicas (a saber: Holy wars, Hangar 18 e Symphony of destruction, e todas tocaram na edição). Mustaine é um arrombado arrogante, que não interage em momento algum com a plateia. A banda é técnica e afinada, mas essa tecnica é exagerada e a energia fica de fora. O publico búlgaro e do cinemark adoraram, e eu aproveitei pra ir beber.
Slayer: Este o verdadeiro motivo pra eu ter invadido o cinema! Slayer nunca me decepcionou e tenho certeza de que jamais me decepcionará! Começaram com uma nova, World painted blood, depois emendaram uma sequencia de clássicos que ainda impressiona! Nao me lembro a sequencia, mas tocaram South of Heaven, War Ensemble, Angel of Death, Mandatory Suicide, South of Heaven, Raining Blood, e faltaram várias... O cinemark adorou, parecia que 75% das pessoas estavam lá para ver o Slayer (ledo engano), e a galera berrou junto com Tom Araya.
Kerry King é o próprio Shrek. Jeff Hanneman com suas guitarras estilizadas estava, como sempre, com aparencia de bebum e, como era de se esperar, Dave Lombardo provou ser o mais competente batera de metal do mundo. Ninguém toca como ele, ninguém faz o que ele faz. Rápido, eficiente, agressivo, técnico, cativante...ele é foda.
Slayer é bruto. E isso basta.
O Metallica foi a grande atração e fez o que uma grande atração deve fazer: espetáculo pra multidões. Tocaram todos seus hits, suas baladas, conversaram com a platéia, enfim, fizeram um show muito bom, mas exatamente igual ao que está registrado no DVD Orgulho Paixão e Glória, inclusive com as mesmas brincadeiras, frases e músicas...
O momento marcante ficou por conta da reunião de todas as bandas no palco para tocar a música Am I Evil?, do Diamond Head. Com exceção de Kerry King e Jeff Hanneman, todos subiram no palco. E foi aquela rasgação de seda que todos esperavam ver...
Rolaram ainda algumas homenagens ao Dio, falecido naqueles dias.
Olha, foi marcante. Nao vale os R$80 cobrados na estréia, nem os R$40 cobrados na reprise, mas como eu entrei na penetra, valeu cada minuto dentro do cinema!
Vai sair em DVD, assistam...

12 de jul. de 2010

BIOHAZARD - URBAN DISCIPLINE



Hoje a relevância é pequena, mas no início dos anos 90 a cena hardcore de Nova York não estava, digamos, em foco. Boas bandas sempre existiram e existirão por lá (Madball, Sick Of It All, Pro-Pain, Casualties, etc), mas ninguém era comparável em crítica social, shows violentos e apelo midiático ao Agnostic Front que, no início dos anos 90, pendurava prematuramente as chuteiras (devido a prisão do vocalista Roger Miret).
Foi nessa época que o guitarrista do Agnostic Front, Vinnie Stigma (lenda na cena hardcore NY) declarou que, se alguma banda deveria herdar o trono do Agnostic Front, essa banda seria o Biohazard, do bairro "barra pesada" Brooklyn.
O Biohazard gravou seu primeiro álbum em 90, com uma mistura de hardcore, metal, hip hop e rap, com letras seríssimas contendo críticas sociais, crimes, enfim, a realidade novaiorquina dos anos 90.
Naquela época já existia a mistura rap+rock, mas a coisa era meio festiva (vide os Beastie Boys, Run DMC, Chili Peppers, etc).
O Biohazard entrou "serio" na linguagem, pegando o que mais violento havia no Rap e fundindo com o que de mais violento existe na música: o metal e o hardcore.
Conquistaram rápido o respeito da crítica e do público e em 92 a banda gravou o que por muitos é considerado seu melhor álbum: URBAN DISCIPLINE.
Com esse álbum o Biohazard passou a ser conhecido no mundo inteiro, o que rendeu à banda um contrato com uma grande gravadora.
O álbum, lançado pela Roadrunner Records, saiu no Brasil somente em 94, mesmo ano em que eles lançaram STATE OF THE WORLD ADDRESS, já pela major Warner Bros.
O resto é história de muito respeito na cena.
Urban Discipline é um dos 10 álbuns mais importantes da minha relação com o hardcore novaiorquino.
Hoje o som já não é novidade, mas em 92...93... porra! O som que o Biohazard "herdou" do Agnostic Front era tão brutal e enérgico que era impossível ficar inerte ao som.
Foi com esse som que eu aprendi não a pogar, mas saber qual o momento certo de se "formar a roda" de pogo...
Tem vários sons que "criam a expectativa da violência", que é quando o andamento da música é interrompido bruscamente, deixando apenas um riff repetitivo de guitarra anunciar a violência que está por vir.
Pra entender o que isso que dizer, ouçam PUNISHMENT, ou SHADES OF GREY, ou BUSINESS, ou a violentíssima WRONG SIDE OF THE TRACKS. Quando a música parar por "meio segundo", a sequencia sempre é matadora!
O Biohazard foi imbatível e fez escola com seus quatro primeiros álbuns de estúdio e com o ao vivo NO HOLDS BARRED de 97.
Depois começou a ficar repetitivo, perdeu um pouco a pegada e passou a fazer albuns um pouco mais cadenciados e foi perdendo a relevância para grupos de mais estética e menos valor musical/cultural.
Estive no útimo dia 10/07/10 no Carioca Club, em SP, para ver, mais uma vez, um show do Biohazard por nossas terras. O setlist foi baseado apenas nos 3 primeiros discos, ou seja, violência garantida.
O público que (quase) lotou o Carioca era formado por vários caras das antigas, então tudo rolou com muito respeito e a participação do público foi sensacional, o que fez o show ser impecável.
Minha colaboração da semana é, pra quem não conhece, o sensacional álbum URBAN DISCIPLINE, de 92.

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4 de jul. de 2010

POR UM ROCK MAIS INCONSEQUENTE E DROGADO

Hoje não tem post. Tem um protesto.
Estava passando hoje na tv por assinatura um show recente de uma banda que admirei muito na década de 90, os RED HOT CHILLI PEPPERS.
O que vi me deixou pasmo.
A banda é a mesma da "formação clássica" dos (maravilhosos) albuns MOTHER'S MILK e BLOOD SUGAR SEX MAGIC, mas completamente sem punch, sem a tal energia que esses caras tinham. O que será que faltava? A platéia era imensa e, ao menos diante das câmeras, pareciam ávidos por um show de rock.
Por coincidência, há pouco tempo vi em dvd na casa de um amigo um show recente de outra banda incrível dos 80/90, o MINISTRY. E os caras estavam completamente alucinados no palco, sem compostura, sem moral alguma...evidente que eram as drogas!
Todos sabemos que os grandes discos de rock da história foram feitos a base de muita droga, não importa o tipo...anfetaminas, heroína, álcool, ácido, cocaína...foda-se. De Beatles (vide a fase RUBBER SOUL até o WHITE ALBUM) e STONES (EXILE ON MAIN STREET), passando pelos progressivos, pelos setentistas STOOGES, BOWIE, T-REX, SABBATH, chegando aos tresloucados 80...até os 90...TODOS OS GRANDES ÁLBUNS FORAM FEITOS SOBRE INFLUENCIA DE ALGUMA DROGA.
Porque porras agora roqueiro tem que parecer saudável? Quem foi que inventou essa regra?
Anthony Keids - agora sóbrio - acha que é cantor, que tem voz, que pode fazer maneirismos vocais.
Flea - o baixista sempre abobalhado-junkie (nao é uma ofensa) - agora tem certeza de que é um músico de primeira linha com domínio total de seu instrumento.
Qual a graça disso? Onde está aquela coisa espontânea que costumávamos ter em shows de rock?
É por isso que eu ainda pago um pau pro Pearl Jam. Porque O Eddie Vedder entra bêbado no palco. Quando não bebendo.
O rock não pode nem deve ser careta.
O rock tem que ser incosequente. De caretice já basta o dia-a-dia.
Rock tem que ser libertário. Dar ao público uma sensação, ao menos mínima, de que é possível se libertar e fazer o que quiser.
Nunca fui junkie, mas me identifico com os trabalhos mais tresloucados do rock, exatamente porque transcendem limites, não se apegam a mesmices.
Roqueiros: bebam, cheirem, injetem, fumem, absorvam...sei lá...façam alguma coisa com seus corpos e mentes que os façam produzirem bons álbuns e bons shows.
Depois internem-se...foda-se, to pouco ligando!

19 de jun. de 2010

MUSICA DIABLO - S.T. (2010)



Post pra quem gosta de Metal. Especificamente TRASH METAL.
O atual vocalista do Sepultura (se é que ainda existe o Sepultura!) juntou-se a membros da banda santista de metal/HC Nitrominds e fez um puta album pesado de trash metal tradicional.
Parece uma homenagem aos grandes nome do gênero dos anos 80, como Slayer (claro!), Kreator, Metallica (aquele), Anthrax, Voivod e por aí vai.
Rola umas pitadinhas de industrial a lá Ministry, mas é muito discreto.
O lance aqui é velocidade, riffs cabreiros, vocal gutural (aliás, o melhor trabalho vocal que eu conheço de Derrick, que é um grande vocalista ao vivo, mas não tinha se soltado 100% nos álbuns com o Sepultura), solos precisos e sem muita frescura...
Enfim. Depois desse seus dedos vão emoldurar os chifrinhos, vc vai bater cabeça e, se não se cuidar, vai usar calça "divide-bola".
Ouve aí essa porra.

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5 de jun. de 2010

GRANDADDY - THE SOPHTWARE SLUMP (2000)



No comecinho da década apareceu uma revista chamada FRENTE. Revista bacana, com um cdzinho de bandas nacionais e tals...
Se não me falham os neurônios, foi lá que eu ouvi falar do GRANDADDY. E, se não me falham os mesmos neurônios, foi nessa resenha que li que o álbum THE SOPHTWARE SLUMP era uma espécie de "resposta americana" ao OK COMPUTER do RADIOHEAD (álbum este que já teve umas 600 "respostas americanas", de WILCO a FLAMING LIPS, e, na minha opinião, nenhuma resposta foi à altura!).
É claro que eu precisava saber do que se tratava, já que eu nunca tinha ouvido falar do GRANDADDY, muito menos do seu líder, JASON LYTLE.
Chapei.
O álbum é incrível. Li resenhas dizendo que o GRANDADDY ajudou a "formação" do "movimento" ALT-COUNTRY, com WILCO, BEN FOLDS, etc.
Discordo. E muito. O GRANDADDY é muito mais que isso.
Tem guitarras extremamente sujas. Barulhinhos infernais de tecladinhos irritantes, letras surreais, melancolia, musicas longas, incursões de punk rock, excelente produção... Eu gosto de pensar que o GRANDADDY é a minha porta de entrada para o rock progressivo, que eu tanto detesto.
As músicas variam de melodia. Tem clima. Tem história...
O disco é foda-foda-foda. E é impossível não se interessar pela banda após a audição deste.
Na época baixei o primeiro disco deles, chamado UNDER THE WESTERN FREEWAY (1997), que é bom pra caralho também, mas não chega aos pés deste THE SOFTWARE SLUMP. A banda tem vários EPs, B-sides, participações em coletâneas, etc, e é interessante buscar tudo deles, já que trata-se de uma banda incrível. Vieram ao Brasil, tocar no extinto FREE JAZZ. O show foi exímio, barulhento e emocionante, mas sem identificação com o público, que não conhecia a banda.
O álbum seguinte, SUMDAY (2003), vai na mesma linha, mas com uma pitadinha de nada de pop, que não estraga absolutamente nada.
A banda encerrou melancolicamente as atividades há alguns anos, em 2007. Seus integrantes continuam gravando álbuns solo (Jason Lytle gravou um álbum em 2009 e Jim Fairchild gravou sobre a alcunha ALL SMILES).
Vale muito mesmo ouvir esse SOPHTWARE SLUMP. Canções como "THE CRYSTAL LAKE", "HE'S SIMPLE, HE'S DUMB, HE'S PILOT", "JED, THE HUMANOID", "HEWLETT'S DAUGHTER", "UNDERNEATH THE WEEPING WILLOW" são arrepiantes.
Ouve aí, vai...

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28 de mai. de 2010

MINISTRY - PSALM 69



Sabe o apocalipse? O dia do juízo final, onde todos seremos julgados e, bem possível, condenados a viver no limbo e sofrer por toda eternidade?
Então...esse dia tem trilha sonora. O MINISTRY literalmente aterroriza tudo e todos com esse petardo caótico.
Quando eu era moleque eu pirava nos vocais "podreira" do Al, feitos com ajuda de sintetizadores e distorções. Aliás, tudo no MINISTRY tem distorção (e provavelmente sintetizadores!), pois os caras usam a música eletronica à serviço do mal.
Batidas eletrônicas? Sim. Sintetizadores? Sim. Samplers? Tem também. Mas nem a melhor das anfetaminas fará você sorrir ouvindo esse álbum.
Ah, claro, ainda tem participação do insano GIBBY HAYNES, vocalista do tresloucado BUTTHOLE SURFERS (em breve por aqui), que compôs e cantou a maldita JESUS BUILT MY HOTROD.
Ouçam essa porra. Para aqueles dias de inferno.

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26 de mai. de 2010

TEENAGE FANCLUB - GRAND PRIX



Tá vindo aí mais um disco do TFC. Em 31/05/2010 será lançado SHADOWS, que como sempre promete muito, já que essa banda nunca decepciona.
Mas, sejamos francos, o TFC já foi exímio. Ao menos duas vezes.
A primeira em 91, com BANDWAGONESQUE, o disco melhor que NEVERMIND do NIRVANA naquele ano.
A segunda em 95, com GRAND PRIX.
Depois do fracasso do (bom) Thirteen (93), a banda apostou tudo o que podia numa produção melhor e fez um baita álbum. Sem perder a pegada "guitarrenta" do power pop já praticado, mas abusando (no melhor sentido possível) das influências de bandas sessentistas (Byrds, Beatles, etc), setentistas (Big Star, Neil Young), os TRES compositores do TFC fizeram um álbum pop-rock perfeito. Não há musica ruim nesse álbum.
GRAND PRIX é certamente do meu TOP 5 da ilha deserta.
"Neil Jung" é foda, talvez o solo mais lindo de todos os praticados pela banda. "Going Places" é a melhor musica sobre o nada que já ouvi na vida. "Discolite" é linda de doer, além de levantar o astral de qualquer cadáver. "I'll Make It Clear" é romântica de fazer inveja a qualquer Bon Jovi. "Mellow Doubt" é linda, doída...
Enfim, o Teenage nunca mais foi o mesmo depois de Grand Prix, o que não significa que foram ruins!
Em 2004 vieram para uma turnê brasileira e tocaram 3 noites no Sesc Pompéia em SP, memoráveis e emocionantes para quem esteve presente.
Ouçam esse álbum. Procurem os B-sides e baixem ("Between Us", cover do Rutles; "Burned", cover do Neil Young; "Have You Ever Seen The Rain", cover do...ah, vcs sabem de quem; "Feel A Whole Lot Better", cover do Byrds...enfim são várias).
O Teenage Fanclub de 1995 era a melhor banda do ano.

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15 de mai. de 2010

GANG OF FOUR

ENTERTAINMENT (1979)



Tá...o Franz Ferdinand é bacana. O Rapture também...
O Razorlight é mais ou menos... O Bloc Party, quando não estão fazendo playback, também é aceitável...
Mas ninguém, NINGUÉM se compara ao GoF.
Damage Goods é uma das melhores músicas de todos os tempos.

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FAITH NO MORE

ANGEL DUST (1992)

Falar do FNM é fácil. Todo mundo conhece. Todo mundo sabe quem é o Mike Patton. Todo mundo conhece os grandes hits...
Então...um breve comentário...
O FNM é uma banda antiga...do início dos 80, de S. Francisco, na Califórnia. Naquela época, os caras trocavam de formação como trocavam as cuecas. Ao adquirirem um formação mais estável, gravaram 2 discos com um vocalista (leia bem, VOCALISTA) chamado CHUCK MOSLEY. Os discos (WE CARE A LOT, de 86; e INTRODUCE YOURSELF, de 87) chamaram atenção da MTV americana e de grandes gravadoras interessadas no "metal alternativo" feito pela banda, que trazia em seu som guitarras pesadas, baixos pulsantes, linhas de teclados, numa mistura de heavy metal, punk, funk, rap e jazz.
Mas não engrenou...o problema era seu "vocalista".
Jim Martin, o então guitarrista da banda resolveu recrutar um cara que ouvira numa fita demo de uma banda local chamada MR. BUNGLE.
Foi então que o cantor (leia bem, CANTOR) Mike Patton substituiu Chuck Mosley e, em uma semana, já estaria gravando o terceiro disco da banda (THE REAL THING, de 89).
Foi um divisor de águas para a banda. O álbum catapultou a banda no mundo todo. Tocaram para um Maracanã lotado no Rock In Rio 2 em 91. A MTV tocava a exaustão as músicas da banda... e aí o talento de Patton começou a falar mais alto.
Dono de uma técnica vocal tão impressionante quanto suas bizarrices, o cara mudou a banda! No meio de uma apresentação, ele cantava músicas de grupos inusitados, como New Kids On The Block e Bee Gees. Ele tinha influência de TUDO o que era possível musicalmente! De dance music a death metal...
Não demorou para participar ativamente do processo de composição da banda, e o resultado foi o ESPLENDOROSO ANGEL DUST, de 92...na minha opinião, um dos 5 melhores álbuns da década de 90.
O disco era mais sombrio, menos "colorido", mas nao menos criativo. A parte "inusitada" era um cover dos Commodores (banda soul brega dos anos 60-70, cujo cantor era o Lionel Ritchie), "EASY". A banda adorava fazer esse tipo de coisa: tocar heavy metal e um cover inusitado, ou então "desconstruir" um cover, fazendo uma versão "country" de uma banda punk (como aconteceu com um cover feito dos Dead Kennedys).
Além disso, Patton provocava o público com bizarrices como escatologias, insultos, sacanagens, etc. Isso começou a afastar o público "menos fiel" da banda, que não sacaram que a banda era sarcástica e não queriam ser comerciais.
Infelizmente quase nenhum veículo coloca esse álbum no patamar que merece.
Este álbum é um dos melhores álbuns da década de 90 e, sem dúvidas, um dos que mais influenciaram bandas que surgiriam na década e uma das melhores amostras vocais já ouvidas por este que vos escreve.
O DISCO TODO É FODA. Se alguém pretende começar a conhecer FNM, comece por aqui.
Lembrem-se: Mike Patton é cantor. Não vocalista.

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NAOMI SHELTON & THE GOSPEL QUEENS

WHAT HAVE YOU DONE MY BROTHER (2009)

Simplesmente impressionante este álbum! Dona Naomi (sim...uma senhora) é do Alabama. Canta desde pivetinha em igrejas. E lançou um belo álbum de soul/gospel/r&b em 2009.
Ouçam I Need You To Hold My Hand. Se você não se emocionar, sua alma já está vendida.

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