27 de mar. de 2011

O óbvio

No melhor jogo do campeonato paulista 2011, São Paulo e Corinthians, aconteceu o óbvio. Sim, o óbvio.

Como torcedor do Corinthians, é evidente que torcia junto com toda a massa corintiana, e também com a massa anti-SPFC, não para que o Corinthians se sagrasse vencedor e que um tabu de mais de quatro anos fosse mantido. Isso não era importante. Toda essa massa torcia para que Rogério Ceni não conseguisse o feito de chegar ao centésimo gol.

Mas o predestinado goleiro mais uma vez surpreendeu.

Aliás, predestinação deveria ser uma palavra proibida quando se fala desse atleta. Ele não é predestinado. Rogério Ceni é, sem dúvida, um dos jogadores mais competentes e dedicados ao trabalho no futebol brasileiro. No alto de seus 37 (ou mais) anos de idade, muitos deles atuando pelo SPFC, não é segredo para a imprensa ou aos torcedores são-paulinos e adversários que ele é sinônimo de profissionalismo.
Não foi sorte. Ou predestinação. O centésimo gol, sobre o maior rival do São Paulo, foi obra de treinamento, trabalho, dedicação. Rogério Ceni não se envolve em polêmicas extracampo. Não é visto em baladas, bebendo, fumando, em orgias, ou quaisquer outras situações tão comuns aos jogadores que atuam no futebol brasileiro e mundial. O goleiro é polêmico sim, ao ironizar e muitas vezes usar de arrogância ao falar de outros clubes, mas nem isso fez parte da semana de preparação de seu feito, nem do pós-jogo onde atingiu a marca histórica.

São Paulo e Corinthians fizeram hoje o melhor jogo do campeonato paulista de 2011. A falta feita na entrada da área logo no início do segundo tempo indicava a obviedade do jogo. A perfeição da cobrança de falta feita pelo goleiro artilheiro superaria até dois goleiros corintianos. O fato, obviamente, desestabilizou emocionalmente o time alvi-negro, que teve em Dentinho um lampejo de reação e logo mais tarde, com o mesmo Dentinho, o erro capital.

Minha análise fria do jogo, deixando de lado minha emoção, minha comoção e minha tristeza de torcedor corintiano, diz que o resultado foi injusto. O Corinthians pressionou demais o SPFC. Rogério Ceni, após ter feito o milagroso centésimo gol, operou mais milagres com defesas à queima roupa realizadas pelo ataque corintiano. O SPFC se segurou sem Dagoberto. O Corinthians, sem Alessandro e Dentinho que perderam a cabeça, fez um jogo com mais ataques, mas sem efetividade. Ainda assim, o resultado justo seria o empate. Corinthians buscou o gol. O SPFC se segurou e foi efetivo quando precisou ser. 2X2 seria justo, na análise da racionalidade.

Mas racionalidade e futebol não conversam. Na análise da emoção, o SPFC mereceu vencer. O SPFC não podia perder esse jogo, em nome de seu capitão e em nome do espetáculo para sua torcida. Aliás, achei uma bobagem das maiores o cartão amarelo aplicado pelo (péssimo) juiz da partida ao goleiro, por ter comemorado da forma que comemorou. Ora, numa situação dessas, o juiz poderia fazer vista grossa às regras. Um cartão amarelo aplicado a um goleiro que acaba de comemorar seu centésimo gol é como uma pulga em um camelo: nada. A arbitragem até tentou, mas não conseguiu atrapalhar o Majestoso.

Em suma, nesse excelente clássico jogado na Arena Barueri, o São Paulo não apenas levou a melhor. A quebra do tabu e a tiração de sarro dos torcedores são paulinos fará parte eternamente, única e exclusivamente por conta de um verdadeiro Herói são-paulino: um atleta que treina forte, que é dedicado, esforçado, que se supera e, acima de tudo, torce e ama seu time. A prova disso é o centésimo gol COM A MESMA CAMISA. Enquanto jogadores fingem trabalhar apenas para chegar ao mercado europeu, esse atleta segue na contramão e dá de presente ao seu torcedor um feito jamais atingido por nenhum goleiro.

Parabéns Rogério Ceni. O jogador agora mais detestado por nós corintianos! Isso sim é óbvio!

24 de mar. de 2011

Mr. Nobody - 2010 (Filme)


Acabo de assistir um filme belga chamado Mr. Nobody, de um diretor chamado Jaco Van Dormael.
O filme é de 2010 e tem Jared Leto e Diane Kruger no elenco.
Teoria das Cordas, teoria do caos, Big Bang, Big Crush, órbita planetária, Efeito Borboleta, vida após a morte e amor eterno. Tudo isso envlvido num enredo matador, com uma trilha sonora fudida e com atuações matadoras.
Pode parecer um porre tantos temas complexos, ainda mais se somarmos eles à um filme de caráter existencialista, mas o que vemos em Mr. Nobody é uma trama que realmente nos prende da forma mais eficiente: você quer descobrir o que está acontecendo em meio a toda a maluquice que ocorre!
Não é um filme chato ou enfadonho. É um filme inteligente, sensível e belo.
Ao que parece, Mr Nobody nem foi lançado aqui no Brasil. Não é um filme de grande orçamento, nem de grandeza hollywodiana, mas o diretor canadense Van Dormael trata o tema complexo da forma mais brilhante possível, usa efeitos simplórios mas extremamente necessários para a condução do enredo e faz com que os atores, principalmente os atores mirins (o moleque que faz o personagem Nemo Nobody é sensacional) tenham atuações marcantes.
Enfim, assistam Mr. Nobody.
Um filme que faz pensar na nossa própria existência, que nos faz pensar no efeito que o tempo proporciona em nossas vidas.
É simplesmente incrível
Depois desse, tenha certeza de que você não irá querer assistir outro filme em tão pouco tempo.

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