25 de jul. de 2010




Primeiro a saber: assistimos a reprise, em 23/07/2010.
Segundo: mesmo quem foi no dia 22/06/2010 não assistiu a porra toda "ao vivo". Foi um show editado, com cerca de 35 minutos para o Anthrax, cerca de 40 minutos para Megadeth e Slayer e mais umas quase 2 horas pro headliner Metallica.
O histórico show aconteceu na Bulgária. Eu achei que os búlgaros seriam violentos...barbados...com canecas de cerveja...sujos...sei lá. Mas o que se via era um público comportado, parecido com platéia do Gugu. As rodas de pogo do estádio tinham 4 pessoas se empurrando...bem diferente de qualquer show que acontece aqui no Brasil (onde talvez exista roda de pogo até num show da Ana Carolina, vai saber...).
Enfim...público é público... Aqui é mais quente, os cérebros são mais lesados por conta do sol... talvez por isso todos digam que o Brasil é o país mais legal de tocar...
O show: Anthrax, com Joey Belladonna de volta aos vocais da banda, foi extremamente eficiente, sem frescuras, direto e muitíssimo divertido. Os novaiorquinos só tocaram clássicos: Caught in a mosh, Antisocial, Indians, I am the law, Got the time...mas o público do cinema não conhecia a banda, exceto por dois ou tres da velha guarda (eu incluso). Joey é engraçado, conversa e brinca com a platéia, tem (ainda) uma voz incrível e um agudo impressionante. Scott Ian é muito bom no que faz. Um excelente compositor de riffs e excelente guitarrista base pra qualquer banda de metal. Charlie Benante é o que sempre foi, baterista técnico, rápido e muito eficiente. Nota 9,5 (porque nao deixaram na edição a música N.F.L.).
Megadeth: então, pra quem gosta foi bom. Eu detesto Megadeth, com exceção de 3 músicas (a saber: Holy wars, Hangar 18 e Symphony of destruction, e todas tocaram na edição). Mustaine é um arrombado arrogante, que não interage em momento algum com a plateia. A banda é técnica e afinada, mas essa tecnica é exagerada e a energia fica de fora. O publico búlgaro e do cinemark adoraram, e eu aproveitei pra ir beber.
Slayer: Este o verdadeiro motivo pra eu ter invadido o cinema! Slayer nunca me decepcionou e tenho certeza de que jamais me decepcionará! Começaram com uma nova, World painted blood, depois emendaram uma sequencia de clássicos que ainda impressiona! Nao me lembro a sequencia, mas tocaram South of Heaven, War Ensemble, Angel of Death, Mandatory Suicide, South of Heaven, Raining Blood, e faltaram várias... O cinemark adorou, parecia que 75% das pessoas estavam lá para ver o Slayer (ledo engano), e a galera berrou junto com Tom Araya.
Kerry King é o próprio Shrek. Jeff Hanneman com suas guitarras estilizadas estava, como sempre, com aparencia de bebum e, como era de se esperar, Dave Lombardo provou ser o mais competente batera de metal do mundo. Ninguém toca como ele, ninguém faz o que ele faz. Rápido, eficiente, agressivo, técnico, cativante...ele é foda.
Slayer é bruto. E isso basta.
O Metallica foi a grande atração e fez o que uma grande atração deve fazer: espetáculo pra multidões. Tocaram todos seus hits, suas baladas, conversaram com a platéia, enfim, fizeram um show muito bom, mas exatamente igual ao que está registrado no DVD Orgulho Paixão e Glória, inclusive com as mesmas brincadeiras, frases e músicas...
O momento marcante ficou por conta da reunião de todas as bandas no palco para tocar a música Am I Evil?, do Diamond Head. Com exceção de Kerry King e Jeff Hanneman, todos subiram no palco. E foi aquela rasgação de seda que todos esperavam ver...
Rolaram ainda algumas homenagens ao Dio, falecido naqueles dias.
Olha, foi marcante. Nao vale os R$80 cobrados na estréia, nem os R$40 cobrados na reprise, mas como eu entrei na penetra, valeu cada minuto dentro do cinema!
Vai sair em DVD, assistam...

12 de jul. de 2010

BIOHAZARD - URBAN DISCIPLINE



Hoje a relevância é pequena, mas no início dos anos 90 a cena hardcore de Nova York não estava, digamos, em foco. Boas bandas sempre existiram e existirão por lá (Madball, Sick Of It All, Pro-Pain, Casualties, etc), mas ninguém era comparável em crítica social, shows violentos e apelo midiático ao Agnostic Front que, no início dos anos 90, pendurava prematuramente as chuteiras (devido a prisão do vocalista Roger Miret).
Foi nessa época que o guitarrista do Agnostic Front, Vinnie Stigma (lenda na cena hardcore NY) declarou que, se alguma banda deveria herdar o trono do Agnostic Front, essa banda seria o Biohazard, do bairro "barra pesada" Brooklyn.
O Biohazard gravou seu primeiro álbum em 90, com uma mistura de hardcore, metal, hip hop e rap, com letras seríssimas contendo críticas sociais, crimes, enfim, a realidade novaiorquina dos anos 90.
Naquela época já existia a mistura rap+rock, mas a coisa era meio festiva (vide os Beastie Boys, Run DMC, Chili Peppers, etc).
O Biohazard entrou "serio" na linguagem, pegando o que mais violento havia no Rap e fundindo com o que de mais violento existe na música: o metal e o hardcore.
Conquistaram rápido o respeito da crítica e do público e em 92 a banda gravou o que por muitos é considerado seu melhor álbum: URBAN DISCIPLINE.
Com esse álbum o Biohazard passou a ser conhecido no mundo inteiro, o que rendeu à banda um contrato com uma grande gravadora.
O álbum, lançado pela Roadrunner Records, saiu no Brasil somente em 94, mesmo ano em que eles lançaram STATE OF THE WORLD ADDRESS, já pela major Warner Bros.
O resto é história de muito respeito na cena.
Urban Discipline é um dos 10 álbuns mais importantes da minha relação com o hardcore novaiorquino.
Hoje o som já não é novidade, mas em 92...93... porra! O som que o Biohazard "herdou" do Agnostic Front era tão brutal e enérgico que era impossível ficar inerte ao som.
Foi com esse som que eu aprendi não a pogar, mas saber qual o momento certo de se "formar a roda" de pogo...
Tem vários sons que "criam a expectativa da violência", que é quando o andamento da música é interrompido bruscamente, deixando apenas um riff repetitivo de guitarra anunciar a violência que está por vir.
Pra entender o que isso que dizer, ouçam PUNISHMENT, ou SHADES OF GREY, ou BUSINESS, ou a violentíssima WRONG SIDE OF THE TRACKS. Quando a música parar por "meio segundo", a sequencia sempre é matadora!
O Biohazard foi imbatível e fez escola com seus quatro primeiros álbuns de estúdio e com o ao vivo NO HOLDS BARRED de 97.
Depois começou a ficar repetitivo, perdeu um pouco a pegada e passou a fazer albuns um pouco mais cadenciados e foi perdendo a relevância para grupos de mais estética e menos valor musical/cultural.
Estive no útimo dia 10/07/10 no Carioca Club, em SP, para ver, mais uma vez, um show do Biohazard por nossas terras. O setlist foi baseado apenas nos 3 primeiros discos, ou seja, violência garantida.
O público que (quase) lotou o Carioca era formado por vários caras das antigas, então tudo rolou com muito respeito e a participação do público foi sensacional, o que fez o show ser impecável.
Minha colaboração da semana é, pra quem não conhece, o sensacional álbum URBAN DISCIPLINE, de 92.

DOWNLOAD

4 de jul. de 2010

POR UM ROCK MAIS INCONSEQUENTE E DROGADO

Hoje não tem post. Tem um protesto.
Estava passando hoje na tv por assinatura um show recente de uma banda que admirei muito na década de 90, os RED HOT CHILLI PEPPERS.
O que vi me deixou pasmo.
A banda é a mesma da "formação clássica" dos (maravilhosos) albuns MOTHER'S MILK e BLOOD SUGAR SEX MAGIC, mas completamente sem punch, sem a tal energia que esses caras tinham. O que será que faltava? A platéia era imensa e, ao menos diante das câmeras, pareciam ávidos por um show de rock.
Por coincidência, há pouco tempo vi em dvd na casa de um amigo um show recente de outra banda incrível dos 80/90, o MINISTRY. E os caras estavam completamente alucinados no palco, sem compostura, sem moral alguma...evidente que eram as drogas!
Todos sabemos que os grandes discos de rock da história foram feitos a base de muita droga, não importa o tipo...anfetaminas, heroína, álcool, ácido, cocaína...foda-se. De Beatles (vide a fase RUBBER SOUL até o WHITE ALBUM) e STONES (EXILE ON MAIN STREET), passando pelos progressivos, pelos setentistas STOOGES, BOWIE, T-REX, SABBATH, chegando aos tresloucados 80...até os 90...TODOS OS GRANDES ÁLBUNS FORAM FEITOS SOBRE INFLUENCIA DE ALGUMA DROGA.
Porque porras agora roqueiro tem que parecer saudável? Quem foi que inventou essa regra?
Anthony Keids - agora sóbrio - acha que é cantor, que tem voz, que pode fazer maneirismos vocais.
Flea - o baixista sempre abobalhado-junkie (nao é uma ofensa) - agora tem certeza de que é um músico de primeira linha com domínio total de seu instrumento.
Qual a graça disso? Onde está aquela coisa espontânea que costumávamos ter em shows de rock?
É por isso que eu ainda pago um pau pro Pearl Jam. Porque O Eddie Vedder entra bêbado no palco. Quando não bebendo.
O rock não pode nem deve ser careta.
O rock tem que ser incosequente. De caretice já basta o dia-a-dia.
Rock tem que ser libertário. Dar ao público uma sensação, ao menos mínima, de que é possível se libertar e fazer o que quiser.
Nunca fui junkie, mas me identifico com os trabalhos mais tresloucados do rock, exatamente porque transcendem limites, não se apegam a mesmices.
Roqueiros: bebam, cheirem, injetem, fumem, absorvam...sei lá...façam alguma coisa com seus corpos e mentes que os façam produzirem bons álbuns e bons shows.
Depois internem-se...foda-se, to pouco ligando!